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INTERCÂMBIO

FAB oferece mais de 200 vagas em quase 60 cursos para militares de nações amigas

Publicado: 2018-06-29 09:00:00
A Instituição possui, em suas escolas de formação, argentinos, bolivianos, peruanos, canadenses, guatemaltecas, salvadorenhos e norte-americanos

Intercâmbio caracteriza um tipo de relação entre nações ou instituições, que pode ser cultural, comercial, econômico, sempre uma oportunidade de trocar conhecimentos, vivenciar novas culturas e adquirir experiências. No âmbito das Forças Armadas, esse conceito se amplia e ganha novas perspectivas.

Com a reconhecida excelência no ensino da Força Aérea Brasileira (FAB), a instituição recebe, todos os anos, estrangeiros de nações amigas interessados em estudar em organizações educacionais como a Academia da Força Aérea (AFA), Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) e Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR). Da mesma forma, também envia seus militares a outros países com o objetivo de adquirir conhecimentos ou aperfeiçoar técnicas, trazendo contribuições relevantes para a FAB por meio de atividades de ensino.

O principal objetivo dos intercâmbios é oferecer estágios e cursos de formação, especialização profissional e aperfeiçoamento, assim como atividades de instrução e treinamentos, além de fortalecer o vínculo, a cooperação militar e o relacionamento entre os países. De acordo com o Adjunto da Seção de Acordos e Intercâmbios Internacionais do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Coronel da Reserva Paulo Maria Nogueira de Lima, a maior procura é pelos cursos de carreira da AFA e EEAR, além dos cursos de Comando oferecidos pela ECEMAR. “Sempre oferecemos vagas nessas instituições de ensino. No entanto, a oferta em termos de Força Aérea é muito maior, pois abrange todas as áreas da FAB. A unidade que mais oferece cursos e vagas, por exemplo, é o CENIPA, na área de segurança de voo. Também há muito interesse dos militares das Forças Armadas de nações amigas em cursos de logística, operação e inteligência. E podemos dizer que os maiores interessados são os países da América Latina”, afirma o oficial.

A legislação da FAB sobre o assunto é a Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 37-21, que trata das atividades de ensino para integrantes das Forças Armadas de Nações Amigas. Seguindo um cronograma previamente definido, cabe ao EMAER coordenar as ações necessárias para a divulgação das vagas disponíveis, assim como efetivar a matrícula e o acompanhamento dos candidatos durante todo o curso, mantendo contato com o Ministério da Defesa, os adidos militares e os representantes diplomáticos estrangeiros no Brasil.

Ainda segundo o documento, os interessados em disputar as vagas oferecidas pela Força Aérea Brasileira devem ser submetidos às mesmas exigências que forem estabelecidas para os demais candidatos para a admissão nos cursos, estágios ou treinamentos, como testes físicos e de conhecimentos. Além disso, o candidato estrangeiro deve ter conhecimento suficiente da língua portuguesa, tanto escrita como falada. Só após ter sido aprovado em todas as etapas, o candidato estará apto a iniciar as atividades de ensino. “Procuramos atender todos os países que nos solicitam vagas e utilizamos como critérios de seleção os itens que estão previstos na ICA 37-21”, explica o Coronel Nogueira.

Durante a estada do intercambista em uma das organizações educacionais da FAB, as despesas como soldo, transporte, alimentação e hospedagem fora da escola são de responsabilidade do país de origem do militar; além disso, o estrangeiro deve possuir um seguro médico. Cabem à FAB os custos que envolvem o curso, como alojamento, alimentação, fardamento, transporte para as atividades curriculares programadas no Brasil e assistência médica emergencial. “Mesmo assim, existem alguns países que só enviam seus militares ao Brasil se tiverem o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério das Relações Exteriores que, por meio de acordos com o Ministério da Defesa, disponibiliza algumas bolsas para intercâmbios entre as Forças Armadas”, afirma o oficial do EMAER.

Ainda de acordo com o Coronel Nogueira, na condição de aluno, o estrangeiro participa de todas as atividades escolares previstas pela instituição de ensino, exceto dos trabalhos que envolvam documentos ou assuntos de acesso restrito. Também é submetido aos mesmos testes e avaliações destinados aos demais alunos. No entanto, caso tenha alguma dificuldade que possa prejudicar a conclusão do curso ou estágio, o intercambista pode contar com o apoio de atividade de reforço com o objetivo de melhorar seu desempenho escolar, assim como é oferecido aos alunos brasileiros.

“A ICA 37-21 prevê que o militar que vem cursar qualquer atividade em nossas organizações assuma a responsabilidade de se submeter às orientações de ensino e às atividades em si. Se mesmo após todo o suporte oferecido o aluno apresentar dificuldade para acompanhar o curso, os órgãos envolvidos deverão enviar ao EMAER um relatório de desempenho detalhado indicando algumas perspectivas. A situação será levada à apreciação do Comandante da Aeronáutica, a quem caberá a decisão”, detalha o Coronel.

No Brasil desde o fim de 2014, Mouhammad Diallo deixou o Senegal para ser cadete na AFA. Atualmente, cursa o 4º ano e se prepara para se tornar aviador. Embora considere o processo de seleção para o ingresso e a rotina de estudos na Academia intensos, a maior dificuldade enfrentada pelo cadete ainda é a língua portuguesa. Mesmo assim, considera que fazer o intercâmbio tem sido também uma excelente oportunidade para a sua vida pessoal. “É uma grande descoberta e uma experiência muito gratificante. Aprendi muita coisa fora do meu quadro profissional e isso tem um grande valor para mim. O tratamento amigável das pessoas aqui foi algo inesperado e que me impressionou. É uma demonstração de respeito com os estrangeiros”, avalia o Cadete Mouhammad.

Com um antigo sonho de seguir a carreira militar, Naafiou Kpeky fez a prova para o curso de formação de Sargento do Exército em seu país, o Togo, e chegou ao Brasil há um ano e meio para cursar a especialização em Estrutura e Pintura (BEP) na EEAR. “Depois que me formei, a minha unidade precisava de especialista nessa área; foi então que surgiu a oportunidade de fazer o intercâmbio”, conta. Para o Sargento Naafiou, a motivação maior para estudar em nosso País foi poder aprender os métodos de trabalho e o padrão militar da FAB, além de conhecer um pouco mais sobre a cultura brasileira. “A rotina da Escola é muito boa. Eu consigo me dedicar aos estudos, conhecer alguns lugares turísticos e ainda fazer novas amizades. É também uma oportunidade de representar meu país e deixar uma boa imagem”, afirma.

 

Fotos: Sargento Bruno Batista  e Cabo Feitosa/CECOMSAER

 

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